sexta-feira, 30 de janeiro de 2015

Lille

Hoje foi um dia diferente. Acordei tensa após uma noite mal dormida e um pesadelo pra lá de hollywoodiano. Estava em Bruxelas. O idiota havia invadido a tv holandesa. Eu estava de passagem comprada para uma cidadela francesa no dia seguinte e muitas coisas estavam acontecendo nós últimos meses. Muitas mudanças, às vezes difíceis de enxergar seus benefícios. 5:40 am. Tomo banho, visto-me, espio pela janela para ver se vejo alguém na rue Marché aux Poulets. Somente o dia de trabalho começando para uns poucos e alguns jovens voltando dos pubs. Decido-me. Malgrado o frio, o medo de estar só e o temor maior ainda de um atentado em qualquer lugar e a qualquer momento, saio em direção à estação Bourse. Três paradas, chego à la Gare Bruxelles-Midi. Muita gente, pouca informação, mudança de Gate, mas tudo certo. Sento em uma cafeteria, de comida com boa aparência e de gosto asqueroso. 30 minutos de wi-fi para me sentir em casa. Ao mesmo tempo, observo os transeuntes. Questionamentos piegas sobre o sentido da vida me vêm à cabeça. Lembro-me de um amigo que diz passar seus dias se perguntando. Sinto pena. É muito angustiantes. Mas, ao mesmo tempo, tellement, por que razão as pessoas fazem tanto quando a imensidão de tudo é tão incerta? Carregamos (incluo-me, obviamente) malas com pertences inúteis, caminhamos uma eternidade para chegar àquele ou a esse lugar, tirar uma foto e mostrar para os amigos. Batalhamos e perdemos noites de sono para ascender na profissão e contrair mais dívidas e responsabilidades infrutíferas. Qual a razão de se contruírem igrejas? Por que não rezar e fazer oferendas ao ar livre? Para que a coleção da última estação quando se pode ter apenas dois pares de calças e uma muda de camisetas e, claro, algum agasalho contra o tempo? Por que eu, Mariana, compro tantos livros quando muitos deles posso ler pela internet? Para que tudo isso mesmo? .......... Wifi era limitado. 30 minutos. Não me despedi de minha genitora. Cortaram-me a ligação. Claro, deveria provar outro quiche horrível para ter direito a mais meia hora. O trem chegou. Acomodei-me. Coach 8. Seat 54. TGV. From Brussels-Midi to Lille-Europe. O trem começa a se movimentar e a paisagem esbranquiçada me encanta. Esqueço do livro que comprei na Casa da Anne, Prinsengstraat, 300. Não sei se é isso mesmo. 30 minutos, desço, compro um mapa. A neve cai em Lille. Lindo. Desculpem-me os ateus. Quão imbecis vocês são! A neve é divina. As árvores também. Vós sois! Nós somos. Esqueci-me dos devaneios existenciais. Aqui estou, Lille, na catedral Notre Dame mais linda que a de Paris, bebendo um expensive champagne e feliz por ser. Ser. Os amigos críticos que me desculpem. Não revisei nem revisarei uma palavra do que escrevi. Aliás, para que dizer? Não devo explicações. Nem vocês, lembrem-se disso e sejam vocês, perto,ou longe dos que amam impor-lhes defeitos.