Há três anos escrevi um pequeno desabafo.
Hoje, relendo-o, percebo quão atemporal ele é.
Mesmo com tantas reviravoltas e com a política
como assunto principal nas mesas de bar e nas rodas de amigos, tudo no Brasil
continua uma balela. As pessoas discutem, brigam, devoram-se, odeiam-se,
defendendo um ou outro lado; mas, finalmente, acabam voltando para seus
afazeres, para seu divertimento, para sua cerveja, para seu vícios. De APÁTICO
o povo brasileiro passa a DEMAGOGO. De demagogo para hipócrita, não falta meia
milha. Ou meia dúzia de stories.
***
Brasília, 16 de março de 2016.
Luís Inácio é um psicopata. Para mim não
restam dúvidas. Inescrupuloso e sem consciência, ele acredita nas próprias
mentiras e faz delas verdades. Eu preciso escrever. Preciso sair às ruas e
protestar, protestos de verdade, não esses nos quais as pessoas se arrumam,
tiram fotos e sorriem como se estivessem em pleno carnaval. Depois vão embora
para suas casas na certeza de que cumpriram com seu dever cívico. Mas não.. eu
não consigo escrever. Sinto como se me faltasse força física. Meu texto sai sem
nexo ou coesão. Meu organismo parece estar me devorando e meus órgãos vitais
parecem estar se comprimindo para que me falte a circulação sanguínea e a
respiração. Se eu tivesse desde sempre orgulho de meu País, morrer seria uma
opção. Ir às ruas, protestar contra toda essa tirania, com armas num
derramamento de sangue que valeria a pena. Mas poderei eu morrer por algo que
não acredito? Não, nunca acreditei nesse povo "heróico" e
"bravo" cantado nos arranjos de Francisco Manuel da Silva. Esse, por
sinal, tem sua parcela de corruptível, pois trabalhava ante a promessas do
imperador. O povo brasileiro não é nação. Nações precisam estar unidas não em
idioma e geograficamente, mas em ideologia. O Brasil é definido como laico, mas
"apático" julgo ser uma melhor definição. Mas o que fazer?
Continuar com meus planos pessoais e continuar me considerando uma apátrida? Ou
acordar para a realidade e pagar ao país o preço de minha dívida por ter errado
grosseiramente ao votar? Sei que o que escrevo se contradiz, mas minha tristeza
e vergonha beiram à inimputabilidade. Mas sim, sou responsável pelos meus atos
e se, por ventura, um crime eu chegar a cometer, pagarei minha cota de culpa no
berço dessa justiça injusta.