terça-feira, 28 de outubro de 2014

Gertrudes



Tudo começou no dia 1º de setembro de 2014. Em meio à solidão de uma primeira noite em um apartamento novo e quase vazio, em uma mescla de empolgação e ansiedade condicionados às expectativas de uma nova casa, lá estava ela. Minha vizinha receptiva, que se aproximou de minha janela como se quisesse me dar as boas-vindas.  Ao contrário do que muitos falam sobre corujas, animais de agouro, que causam medo e aversão, meu sentimento foi completamente oposto. Não senti temor algum, mas leveza e por mais absurdo que possa parecer, um sentimento de amizade começou a se estabelecer. Assim como ocorre com homem e cachorro, homem e gato, homem e pássaro, ocorreu entre a misteriosa ave de rapina espécie habitante de centros urbanos e eu. Todos os dias Gertrudes aparecia ao pé de minha janela, eu descia os três andares e em meio a árvores, estacionamentos e raros transeuntes, eu falava. E ela parecia escutar. Até que chegou o momento do acasalamento, Gertrudes constituiu sua família e eu tive que passar a visitá-la. Ora, ela, como boa mãe coruja que é, não poderia deixar seus filhotes desprotegidos na toca. Então, descobri seu hogar e diariamente faço minha cordial visita. Não temos um vínculo como normalmente têm os que possuem animais domésticos. Gertrudes é livre. Eu a chamo de "ma chouette", "mon hibou", "minha Gegê", mas apenas como forma de demonstrar carinho. E aqui uma homenagem como demonstração de meus sentimentos pela corujinha: uma tentativa inusitada de fazer Expressionismo. Com a licença de Van Gogh, Klee, Kandinsky, creio que posso nesse gênero me aventurar. Apesar do pouco tato artístico, o expressionismo é a saída para aqueles que querem na arte expressar seus sentimentos de forma a abstrair possíveis críticas, pois tudo ali no concreto representa o abstrato sentimento interior.

Gertrudes, à vous. 

quinta-feira, 23 de outubro de 2014

O Hobbit



 
O que seria da vida sem um pouco de fantasia? É, quanto a mim, eu acho que seria um tanto quanto sem graça. Se eu já gostava de me aventurar no mundo dos livros, do cinema, das artes e das viagens, após o problema de saúde da mamãe (que mais posso considerar como um "Portal para a Realidade e Valorização das Coisas que Realmente Importam) a imersão foi ainda mais drástica. Sei que podem considerar como fuga, mas é fato que a vida é bem melhor de ser vivida quando você mescla a realidade com o que você gostaria que fosse (e com o que pode até existir e você não sabe, ué!).





Tolkien fez isso com maestria. E nos deixou uma herança e tanto! O Senhor dos Anéis, Contos Inacabados e, é claro, O Hobbit. Minha releitura começou hoje pela manhã. Que livro fantástico! Riqueza em detalhes de personalidade dos personagens e dos sítios nos quais se passa a história. Um mundo diferente, seres diferentes, alguns dos quais com essências tão ímpares! Hobbits, anões, homens, elfos, orcs... muita imaginação para uma pessoa só... Abastecimento da cabeça e do coração de quem lê. Sim, coração. Porque O Hobbit, muito além do que muitos podem pensar (aqueles que se julgam adultos ou velhos ou bourgeois-bohème demais), é uma bela e simples lição de valores. Valores esses necessários para um ser humano em qualquer idade. A coragem, o heroísmo e a amizade que não precisam ser concretizados em batalhas épicas para a sobrevivência de uma raça, mas que necessitam de aplicação diária na luta do homem contra ele mesmo e sua natureza imperfeita. Natureza essa da qual derivam as mais diversas mazelas, como maldade, egoísmo, inveja e doenças.


Tudo isso pode ser apreendido dessa leitura dedicada ao público infantil. E de quebra põe-se a imaginação para funcionar, podendo acreditar que até grilo pode vir a falar!

Recomendo comprar a edição de luxo da Martins Fontes, essa das fotos que postei. Linda, de altíssima qualidade e com ilustrações simplesmente belíssimas!!

segunda-feira, 13 de outubro de 2014

Contos de Horror - Histórias para NÂO ler à noite



Foi um livro escolhido mais por diversão. Não havia nenhuma ambição em ler um grande história. Pela própria capa, uma caveira, com olhos intensos, já inferi que se tratava de história infanto-juvenis de autores desconhecidos. My mistake. São cinco histórias:

- Livre!, de Mary Cholmondeley



- Contando Histórias de Inverno, de Charles Dickens



- O Visitante de Eveline, de Mary E. Branddon



- O Anel de Toth, de Conan Doyle



- Ligeia, de Edgar Allan Poe



Todas são contos de terror, mas que ao meu ver, não chegam a dar medo. Percebe-se o quão bem escrito foram e de quanta imaginação precisaram, ah, isso sim.  Engraçado que, logicamente, já conhecia Charles Dickens, de obras como A Christmas Carol, Oliver Twist, Bleak House, Great Expectations. Também já havia lido Conan Doyle, com The Adventures of Sherlock Holmes. E, é claro, Allan Poe, em especial seus magníficos contos de imaginação e mistério, como The Pit and the Pendulum, The Raven, Murders in the Rue Morgue e Ligeia, o escolhido para esse livro.

Contudo, perdoem-me a ignorância na área literária, mas nunca havia escutado falar dessas duas outras escritoras. 

Pesquisei um pouco e sobre Mary Cholmondeley encontrei um site interessante: http://www.marycholmondeley.com/. Mary E. Branddon, assim com a primeira, é uma escritora inglesa e tem como sucesso uma novela de nome Lady Audley´s Secret.  Sobre a autora: http://www.oxfordbibliographies.com/view/document/obo-9780199799558/obo-9780199799558-0007.xml 


O livro vale a pena ser lido em uma noite (claro que tem que ser lido à noite!).

Boa leitura!