Mais um conto "daqueles" de Tchekhov... Um trecho da vida do personagem Vassíliev do qual o leitor pode inferir sua vida (a dele) inteira (de tão bem escrito que o conto é, o leitor já imagina a vida do personagem como uma vida real).
Vassíleiv é um pensador no sentido mais puro da palavra: pensa demasiadamente. Pensa em desde o porquê Deus existe e tópicos os mais profundos da existência humana, assim como pensa nos resquícios de rolha que caíram em sua dose de vodka e a razão de estarem lá.
Esse foi o livro de contos no qual eu li Uma Crise, mas a minha edição é um pouco mais nova, de 1982.
Vassíliev é um questionador. Questiona-se sobre a folha que cai, a desigualdade social e, no caso do conto Uma crise, preocupa-se com o bem-estar e futuro de pessoas que não tem qualquer tipo de intimidade.
Ele sofre. E sofre em decorrência de coisas que não farão diferença para ele e que muito menos ele fará a diferença para elas. Não é um ser prático; parece viver no mundo das ideias. Procura em seu intelecto soluções para determinadas questões, mas nada que possa ser concretizado.
Vassíliev sofre. Sofre por não ter a descontração de seus amigos, a luminosidade de espírito dos jovens, o impulso dos rebeldes. Vassíliev sofre. Sofre por simplesmente não ter paixão: paixão pelas coisas belas, pela vida, por ele mesmo...
Seu desespero é tão aterrador que pensa em se jogar de alturas... não por querer a morte, não por ter pensamentos suicidas... mas tão-somente pela dor da queda ter o condão de abafar a dor que persiste em seu interior. A dor da angústia que persiste e persiste... e persiste.
Anton Tchekhov, o autor russo de Uma Crise, o qual ele escreveu em 1888.
Malgrado a aparente morbidez, o conto não traz sensações depressivas, embora o personagem seja dotado de algum sério problema psicológico. É um conto de leitura leve, mas de entrelinhas pesadas. Aprovado, embora o final não tenha sido lá dos meus preferidos.
Bon soir!
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